Duas notícias: uma boa e uma ruim
Por qual começamos?
A “boa” vai nos ajudar a compreender a “ruim”.
A boa notícia é que a vida está VIVA esperando nossos braços para recebê-la.
Seus movimentos e ciclos são oportunidades para DESCOBRIR e DESCOBRIR-SE.
Curiosamente, este verbo vem de “des-cobrir”: revelar o que está escondido debaixo.
Des-cobrimos o que está ao nosso redor para poder VER, e nos des-cobrimos para igualmente ver a nós mesmos. Descobrir é nos surpreender com o novo, o não visto até o momento.
Seria muito triste perder essa capacidade de nos surpreendermos.
Por vezes, o que vemos neste descobrir não é agradável, pode ser doloroso.
É necessário valentia para ver e um desejo sincero de viver a partir dessa nova visão.
Ao longo dos anos, fazemos muito esforço físico, mental e emocional para manter nossa verdade coberta.
A vida, tão abundante, pode então se transformar em algo vazio e sem sentido.
Abramos os olhos para VER com verdade nosso profundo desgaste emocional e, o mais importante, uma existência cheia de possibilidades.
Uma opção possível é nos negarmos a ver para não sentir esta tristeza, medo ou raiva. Podemos crer que esta é a melhor opção? Não ver, não descobrir?
O NÃO VER passará então a atuar em nossas vidas, nas nossas relações, internamente, no nosso dia a dia.
Quando encaramos o desagradável, também des-cobrimos nosso verdadeiro potencial, nossa alegria diante da liberdade.
E esta é a grande e boa notícia: a vida é descobrimento em movimento permanente!
Compreendendo e assumindo esta realidade, vamos à “má” notícia.
A má notícia é que não existe CURA.
Quando entendemos a vida como movimento constante, a ideia de CURA passa a ser uma inútil pretensão de controlar os efeitos da vida em nós.
A cura, se existisse, seria um triste estado amorfo de não se afetar. Tudo sempre estaria bem, seria negar a natureza de nossa condição humana.
Não somos as emoções. Nós as sentimos, mas não somos elas.
Sentimos tristeza, não somos a tristeza.
Sentimos raiva, não somos a raiva.
Sentimos medo, não somos o medo.
Somos muito mais, somos pessoas capazes de criar, expressar, querer/não querer, decidir, desejar, transformar, posicionar-nos diante do que nos parece injusto, rebelar-nos contra as imposições internas e alheias.
Na temporalidade da vida, a única certeza é que estamos aqui HOJE.
No antes deste PRESENTE há memórias, não há vida.
Quando paramos de esperar da vida e começamos a contemplar o que a vida espera de nós, o enfoque do viver muda. A vida espera que a abracemos numa verdadeira conexão, e ela estará sempre disponível e abundante.
Por que não existe a cura? Porque seria o fim de algo infinito.
Em vez de se curar de algo, aceite o convite da vida para adentrar em sua imensidão.
Relendo o que acabo de escrever, alegremente DES-cubro que, nessas duas notícias, existe um fato que une seus polos opostos.
Nas duas, continua presente a VIDA e sua riqueza de descobertas, como acaba de me acontecer AGORA.
A nova notícia é: ESTAMOS VIVOS, nas suas circunstâncias e possibilidades reais.
Receba e abrace a vida que pulsa em você!